terça-feira, 10 de março de 2009

O Inventor do Pênalti

O veterano esportista dirigente irlandês Mac Crum, falecido em 1933, foi considerado o realizador do tiro penal, em 1891. Numa revista européia de esportes acabamos de ler que a pena máxima surgiu em 1898. Narra-se até a história do nascimento do clássico tiro das 12 jardas, em que, por sinal, não figura o nome de Mac Crum.
Pode ser, no entanto, que tenha havido esquecimento. Parece estranho, porém, que as datas não coincidam. Se Mac Crum inventou o pênalti em 1891, como se entende que haja outra versão dando como adotada somente em 1898 tal punição? Deve tratar-se, talvez, de engano de datas.
A sua origem, como iremos ler a seguir, nada indica que tivesse sido idéia de um só dirigente. Eis como se conta a história do pênalti e a evolução de sua regulamentação:
“No ano de 1898, em fins de novembro, dois quadros ingleses disputavam, em Trenton Bridge, uma partida da Taça da Inglaterra. Tratava-se dos clubes Stoke e Notts Country e o jogo estava sendo acirradamente disputado. Próximo do fim do prélio, o resultado era de 1 a 0, favorável ao Notts. Este, porém, já estava dando sinais de cansaço, pelo esforço produzido, e acabou cedendo terreno. O quadro contrário apertou o domínio, para poder empatar, e tudo fazia crer que a vantagem seria desfeita, merecidamente.
Nos últimos dois minutos, depois de um novo ataque, um tiro poderoso encaminhou a bola em direção às redes do Notts e estando deslocado o arqueiro um zagueiro não teve outro remédio se não intervir milagrosamente para dar um soco na bola, com o que evitou que entrasse. Cometeu, pois, um toque. O juiz concedeu imediatamente, segundo os costumes que então vigoravam, um tiro livre. Os jogadores do Notts Country fizeram barreira sobre a linha da meta, para defender a bola, que era atirada de qualquer posição, quando das infrações. Naturalmente, foi difícil fazer o tento e assim os jogadores do Notts conseguiram conservar uma vitória que não mereceram. Isso desgostou o pessoal do clube vencido.
O Stoke enviou, ao invés, um protesto à entidade, para que a vitóriafosse anulada e declarado o jogo empatado. A federação, porém, agiu de outro modo. Confirmou a vitória do quadro em questão mas resolveu modificar as regras, em relação ao toque perto da meta. Foi resolvida, daí, a criação do tiro de rigor de 12 metros (anos mais tarde foi reduzido a 11 metros), ficando no lado atacado apenas o guardião, na defesa das redes. Pode ser que a idéia tenha partido, dentro da entidade, de Mac Crum. Daí ter ficado este com a paternidade do pênalti.
A inovação, todavia, acusou um defeito que o próprio Stoke, logo mais, devia sofrer as conseqüências. Alguns domingos depois, num encontro também da Taça, entre aquele clube e o Astor Villa, o Stoke perdia com a mesma contagem de 1 a 0 e o fim do prélio se aproximava, enquanto que o seu ataque se lançava na ofensiva, procurando empatar. Formou-se um embolo perto da meta, originando-se a infração que devia transformar-se no primeiro tiro penal do futebol. A coincidência quis, pois, que fosse justamente o clube que deu margem à sua criação o primeiro a ser beneficiado com um penal por decisão do árbitro.
Aconteceu, entretanto, que um zagueiro contrário, desesperado com a punição, deu um pontapé no couro para enviá-lo propositadamente fora do campo, que naturalmente não era grande como os estádios de agora. A bola ultrapassou o muro, perdendo-se. Como vemos, logo na estréia do penal no futebol houve complicações e indisciplina. Enquanto se procurou a bola, os minutos que faltavam se esgotaram e o juiz apitou o final do jogo, sendo por isso mantido o resultado de 1 x 0.
O clube prejudicado deu o estrilo, mais uma vez, protestando contra o seu veres, por aquela anormalidade. Criou-se, assim, mais um caso, e a federação inglesa resolveu fazer outra modificação na respectiva regra. Ficou desde ali decidido que o tempo seria aumentado até ser executado um penal, caso se findasse antes de ser cobrado.
Em 1903, foi ainda aperfeiçoada a regra do penal. Desde então estabeleceu-se que o penal não devia ser marcado quando viesse a prejudicar o quadro atacante. Todos que conhecem as leis do jogo sabem que se antes da bola entrar um jogador do lado que se defende comete um toque, o tento é considerado válido, ficando sem efeito a infração.
Existiu um outro defeito técnico que levou muito tempo para ser corrigido. Tratava-se da posição que tomava o arqueiro ao ser batido o penal. Adiantava-se demasiado, de modo a reduzir muito o espelho da meta, ao jogador que batia o penal. Em 1930, os doutos das regras resolveram que o arqueiro deve ficar imóvel. Essa disposição, como estamos cansados de constatar, dá margem a muitos incidentes, quando o arqueiro se move irregularmente e o tiro é repetido, se o juiz não tolera. Se o árbitro, porém, não faz caso da irregularidade, deixa desrespeitar as regras. Diremos, todavia, que mesmo as maiores autoridades sobre assuntos de regras ainda não sabem dizer, ao certo, se o guardião deve ficar completamente imóvel, como uma… estátua, antes de partir o tiro, ou se pode mexer o corpo, uma vez que estejam os pés firmes sobre a linha.

Fonte: Diário de Pernambuco

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