quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

GRENAL DO SÉCULO, 20 anos depois...

Fazem 20 anos hoje, mas ainda está bem vivo na minha memória.

O GRENAL 297 foi ímpar, valia a classificação para a final do Brasileirão de 1988, era um domingo de quase 40º, os dois times vinham de uma ótima campanha no campeonato, mas o Inter levava uma pequena vantagem, tinha a igualdade nos dois jogos e na prorrogação do seu lado.

A primeira partida, no Olímpico, tinha ficado nos 0x0.

Então a decisão foi para o Gigante, lotado, com quase 80 espectadores.

O Grêmio saiu na frente, logo em seguida, ainda no primeiro tempo, nós perdemos o lateral-esquerdo Casemiro expulso. O Grêmio perdia muitos gols, tanto que o célebre Rubens Minelli perdeu o controle no vestiário. Foi o que abriu o caminho para a derrota, segundo Alfinete, lateral-direito daquele time:

— O time estava com alegria, leve. No vestiário, o Minelli deu uma bronca e tirou o brilho do time. Disse que estávamos de brincadeira, de palhaçada. Ali perdemos o Gre-Nal.

Enquanto isto, no vestiário alvi-rubro, Abel Braga em vez de xingar, ficou por 10 minutos em um canto fitando o nada.

O centroavante Nilson sentou nas espreguiçadeiras de madeira e pensou:

— Hoje não vai ter jeito mesmo.

Antes de mandar o time a campo, Abel saiu da letargia e anunciou que o atacante Diego Aguirre entraria no lugar do volante Leomir. O ponta-esquerda Edu Lima fecharia o lado esquerdo com Norberto. E antes do time entrar para a segunda etapa gritou:

- Vocês fizeram esta porcaria. Voltem lá e resolvam.

O goleador do campeonato Nílson, resolveu!


Os gols de Nilson desestruturam o Grêmio. Aos 16, empatou o jogo. Aos 26, virou, ao aproveitar cruzamento de Maurício. Na comemoração, imitou o personagem Sassá Mutema, um cortador de cana interpretado por Lima Duarte na novela O Salvador da Pátria. Maurício garante que o cruzamento foi mecânico.
— Quando ia em direção à área, ele (Nilson) corria para o segundo pau. Sabia onde mandaria a bola. Chutei e ele botou o biquinho. Metade do gol é meu – diverte-se.

Naquele instante, os jogadores do Grêmio já não se entendiam.

— No segundo gol, nosso time se perdeu. Ninguém acreditava. O Minelli alertou para ficarmos espertos – recorda o ponteiro-esquerdo Jorge Veras.

Nilson se lembra de ver os jogadores do Grêmio discutindo em campo. O goleiro Mazarópi, lá de trás, havia diagnosticado antes da virada um relaxamento do time. O mesmo que havia enfurecido Minelli no vestiário. O meia do Inter Luís Carlos Martins se desdobrava em campo e ainda tentava entender a engenharia tática feita por Abel Braga:

— Este Gre-Nal dificilmente será superado, pelas circunstâncias. O Abel fez o contrário, ficamos com quatro atacantes.

Depois do segundo gol, Nilson se virou para a torcida e, acenando com as mãos, gritava:

— Tchauzinho, acabou para vocês.

A poucos minutos do fim, Maurício foi substituído e saiu de braços abertos, imitando um avião. Os colorados, ensandecidos, pareciam não acreditar no que viam. Os gremistas, abalados, também não.

Infelizmente perdemos o título para o Bahia, mas conquistamos o inesquecível GRENAL DO SÉCULO!!!

Ficha da partida:
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Data: 12/02/1989

Campeonato Brasileirão de 1988 (Semifinal - 2º jogo)
Placar: S.C. Internacional 2x1 Grêmio F.B.P.A.
Local: Estádio Beira-Rio (Porto Alegre-RS).
Renda: NCz$ 58.944,00
Público: 78.083
Juiz: Arnaldo Cezar Coelho.
Inter: Cláudio André Taffarel; Luís Carlos Winck, Nenê, Aguirregaray e Casemiro Mior; Norberto, Leomir (Diego Aguirre) e Luís Carlos Martins; Maurício (Norton), Nílson e Edu Lima. Técnico: Abel Carlos da Silva Braga.
Grêmio: Mazarópi, Alfinete, Trasante, Luís Eduardo e Aírton; Paulo Bonamigo, Serginho e Cristóvão; Jorginho, Marcus Vinícius e Roberto (Reinaldo Xavier). Técnico: Rubens Francisco Minelli.
Gols: Marcus Vinícius 25/1, Nílson 15/2 e Nílson 26/2.
Cartões Amarelos: Trasante e Aírton.
Expulsão: Casemiro 38/1.


Mais sobre o Grenal 297 em:
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